A força da mulher da favela

Texto: Silvana Aquino Neves (Coordenadora de Projetos da GEPAD e Associada da SocialCaixa)

Saudações Sociais!

EMPODERAR, EMPREENDER, EMANCIPAR: Os pilares que norteiam o programa Mulheres de Favela.

Concebido de forma multidisciplinar, numa grande comunhão entre várias áreas da CAIXA, o programa Mulheres de Favela tem como missão promover uma rede de desenvolvimento socioeconômico, estimulando as conexões e parcerias entre as mulheres, que são as propulsoras do empreendedorismo nas comunidades.

Em parceria com a CUFA- Central Única das Favelas, o Programa oferece desde apoio emocional, por meio de rodas de diálogo, palestras e o espaço ouvir. As temáticas abordadas propiciam a reflexão, a conexão por meio da partilha de vivências entre as participantes, proporcionando o resgate da autoestima, buscando EMPODERAR.

A partir do empoderamento das mulheres, desperta-se para o conceito de EMPREENDER. Por meio de oficinas de Artesanato, maquiagem, tranças afro, manicure, essas mulheres vão despertando para profissões onde é possível começar seu próprio negócio com pouco investimento financeiro inicial.

São instigadas a ter coragem de buscar sua própria autonomia financeira. A oficina “Marias da Construção” inserem as mulheres num espaço que sempre foi muito masculino: O da construção civil. Para elas, penetrar nesse ambiente é indiscutivelmente uma forma de ampliar seus horizontes profissionais.

Um dos grandes aprendizados para mim, nesta experiência por dois dias no espaço Subúrbio 360, onde acontece o Programa Mulheres de Favela em Salvador, no Bairro de Coutos, foi a conexão com aquelas mulheres.

Aprendi que tenho muito delas e elas, muito de mim. Somos semelhantes em nossas batalhas diárias: Acordamos cedo todos os dias, lidamos com o desafio de conciliar família, casa, trabalho. Tentamos ser boas mães, esposas, filhas, amigas. E no meio disso tudo, ainda é preciso cuidar de nós mesmas para que nossa saúde mental, emocional e física se mantenha íntegra.

Durante essa experiência incrível de partilha, fiquei bastante impactada com o depoimento de Catiane Oliveira, que trabalha com decoração de festas. Ela teve de se reinventar na pandemia, já que festas foram proibidas. Foi onde ela encontrou um nicho: As pequenas reuniões em família, num formato mais intimista. Foi por meio da união entre as “concorrentes” que todas puderam sobreviver no mercado de trabalho:

A gente se ajudou muito, uma emprestava material para outra e quando eu preciso, sei que posso contar com elas. A gente aprendeu que lucramos muitos mais unidas que competindo umas com as outras. Formamos uma grande rede de apoio que nos impulsiona”.

CATIANE OLIVEIRA (DECORADORA DE FESTAS)

A Roda de Diálogo “Negócios de Impacto Social” conduzida pelos Assistentes de Projetos Sociais Fernando Andrade e Luis Fernando, da CIHAR/RE foi especialmente tocante para todas as participantes. Num ambiente de emoção e partilha, debatemos sobre os impactos gerados na vida das pessoas da comunidade. O impacto é para além da decoração da festa segundo Catiane.

É o bolo, os docinhos, os salgados, muitos profissionais são envolvidos na produção de uma festinha infantil e isso movimenta a economia local. Todas ganham”.

CATIANE OLIVEIRA

Talvez a mulher mais impactada do Programa não tenha sido nenhuma daquelas mulheres da favela. Eu não sei estimar o quanto aquelas experiências transformaram aquelas mulheres, mas posso falar de mim.

Aqueles dois dias me sensibilizaram muito. Ver a Dona Maura, empreendedora do ramo de confeitaria, transformar seu negócio localizado na frente do complexo Subúrbio 360 foi inspirador para mim.

Dona Maura participou da oficina de empreendedorismo e implementou mudanças imediatas em seu negócio: Criou uma logo da sua marca, vestiu um uniforme, criou embalagens, fez um Banner para seu stand de vendas de bolos e salgados. Mas maior mudança foi interna:

Hoje eu sei que eu posso mais. Nada nem ninguém vai me parar

DONA MAURA (EMPREENDEDORA)

Realmente, Dona Maura. Nosso maior desafio, como mulheres, é romper com nossas crenças limitantes. A gente pode tudo sim. E juntas, podemos muito mais.

Sigamos juntos!

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