27 anos de Trabalho Social na CAIXA
IRENO TIBURCIO CAVALCANTE NETO
Gerente de Centralizadora – CIHAR – CR ATIV TÉCNICA HABITAÇÃO RECIFE, PE
Saudações Sociais,
Estou muito feliz e grato por poder comemorar os 27 anos do Trabalho Social (TS) na CAIXA junto com o time da CIHAR/RE, unidade que centraliza todos os Assistentes de Projeto Social (APS) do Brasil no âmbito da Habitação da CAIXA.
Sempre que penso no TS, lembro do trabalho que fiz de pós-ocupação referente a danos físicos em imóveis do MCMV para dois empreendimentos condominiais iguais, construídos pela mesma construtora, na mesma época, em municípios vizinhos de indicadores socioeconômicos similares. Um problema que aparentemente é estritamente técnico, mas que na oportunidade demonstrou para mim, de forma muito clara, a importância do TS.
Os dois empreendimentos estavam com problemas de vício construtivo no Sistema de Esgotamento Sanitário e, ao visitar ambos, ficou nítida a disparidade entre as duas comunidades que surgiam naqueles residenciais. Um condomínio se concentrou no vício construtivo e na interlocução com a construtora para saná-lo, atribuindo responsabilidades aos beneficiários e definindo um plano de manutenção e convivência. O outro mal conseguia distinguir os problemas existentes, que iam desde inadimplência condominial até fraldas descartáveis e garrafas pet na tubulação de esgoto.
Depois que a construtora realizou os reparos de vícios construtivos iniciais e acabou por sair do canteiro, tempos depois os problemas persistiam no empreendimento com mais dificuldades, enquanto no outro não surgiam novas reclamações. Um, à medida que se consolidava, ficava mais inserido no contexto urbano da cidade, sem qualquer distinção dos outros empreendimentos de mercado. O outro passou a ser conhecido como Carandiru dentro da cidade
Como dois empreendimentos tecnicamente tão iguais apresentam resultados tão diferentes? Com o tempo ficou claro que o problema não era de Engenharia, mas sim, Social. A diferença entre os residenciais é que um teve um excelente Trabalho Social, que começou desde a seleção das famílias; o outro fez o TS de maneira proforma. Nessa situação, ficou ainda mais claro para mim que o TS é o elo mais importante de qualquer Política Pública, se o objetivo for o atingimento de resultados sustentáveis centrados nas pessoas. Não podemos tirar as pessoas do centro, afinal, todo trabalho existe para resolver o problema de alguém.
O TS surgiu em resposta aos desafios surgidos em nossa sociedade durante o século XX. As cidades cresciam e junto com esse crescimento intensificavam-se a desigualdade social e a segregação socioespacial, e o TS apareceu com a finalidade de promover a equidade em meio a disparidades crescentes.
No início, o TS tinha uma natureza predominantemente “administrativa”, mas como esperado (olhando do retrovisor), evoluiu. Cada vez mais o TS passou a exigir abordagens interdisciplinares diante da complexidade dos problemas existentes.
Em 1975, o TS tornou-se obrigatório em programas habitacionais, exercendo um papel fundamental perante os beneficiários, para que estes se assumissem como cidadãos conscientes de seus direitos e deveres, promovendo sua participação ativa na vida social e comunitária. Em 2003, o Ministério da Cidades, principal parceiro da CAIXA na implementação de Políticas Públicas, passou a exigir o TS em todos os programas, destacando a sua relevância em diferentes contextos.
Foi nesse contexto que a CAIXA, em setembro de 1996, realizou o primeiro processo seletivo para montar um time dedicado a orientar e acompanhar a elaboração e execução de Projetos de Trabalho Social junto a Entes Públicos, Entidades Organizadoras e empresas especializadas.
O papel do TS está intrinsecamente ligado à melhoria das vidas das pessoas e da comunidade em que atuamos, com o objetivo de construir sociedades mais justas, igualitárias e inclusivas.
Além de promover a equidade, à medida que o TS fortalece as comunidades e incentiva o auto gerenciamento e a tomada de decisões afetas a suas vidas, promove a coesão social e a intensificação dos laços comunitários.
Por diversas vezes, o APS, responsável pela gestão do processo do TS no âmbito da CAIXA, se torna a voz daqueles que muitas vezes não têm voz, defendendo os direitos e interesses das pessoas em situação de vulnerabilidade. Ao trabalhar com diversas populações, o APS desafia estereótipos e preconceitos, promovendo a compreensão intercultural e a tolerância.
Tanto eu quanto você temos um papel vital na construção de um mundo mais justo e igualitário, mas você, que é APS, por meio do seu trabalho, ao exercer a empatia e solidariedade, consegue criar uma cultura de apoio e ajuda mútua em diversos núcleos comunitários, e isso pode ser encarado como um privilégio ou um grande fardo (ou ambos).
Fato é que ser APS é uma imensa responsabilidade. Responsabilidade que chega por diversos caminhos e formas e enseja uma necessidade ímpar de ser versátil, de conduzir temas multidisciplinares e exige um desenvolvimento constante.
É por tudo isso que você, APS, não só pode, como deve, ter orgulho do seu trabalho e de sua contribuição ao mundo. E eu, me sinto uma pessoa de sorte por estar cada vez mais inserido nesse mundo.
Parabéns pelos 27 anos do Trabalho Social na CAIXA, atividade essencial para garantirmos o nosso propósito em “Ser a instituição financeira pública que fomenta a inclusão e o desenvolvimento sustentável, transformando a vida das pessoas.”
Sigamos juntos!